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Capítulo 2: A vida amorosa de Moll Flanders

Página 95

Começou tudo por uma reprimenda calma da sua parte a propósito do meu desejo de regressar a Inglaterra. Defendi os meus direitos e, palavra puxa palavra, como é usual em qualquer briga familiar, ele queixou-se de que não o tratava como se fosse meu marido e de que não merecia ser tratada como esposa. Que até aí usara para comigo toda a brandura e justiça possíveis e argumentara com toda a delicadeza e calma próprias de um marido ou de um cristão, mas que, em troca, eu o tratara mais como a um cão do que a um homem, mais como a um estranho desprezível do que a um marido, e, por isso, embora detestasse usar violência para comigo, se via na contingência de o fazer, não tendo, de futuro, outro remédio senão recorrer aos meios capazes de me colocarem no meu devido lugar e de me fazerem cumprir os meus deveres.

O sangue ferveu-me nas veias, embora soubesse que era absolutamente verdade o que ele dissera e que lhe dera bastos motivos para as suas ameaças. Repliquei-lhe que desprezava por igual os seus meios pacatos e os seus meios violentos, que estava resolvida a regressar a Inglaterra custasse o que custasse e que, quanto a não o tratar como marido nem os meus filhos como filhos, talvez houvesse mais motivos para isso do que ele imaginava. Mas, para lhe dar que pensar, achei conveniente acrescentar que nem ele era meu marido legítimo nem eles meus filhos legítimos e que não tinha razões para os considerar mais do que considerava.

Confesso que, depois de dizer tudo isto, me compadeci dele, pois empalideceu mortalmente, ficou mudo, como se estivesse assombrado, e uma ou duas vezes cheguei a recear que desmaiasse ou o vitimasse uma apoplexia. Tremia tanto e o rosto cobriu-se-lhe de tais suores, embora estivesse gelado, que tive de ir buscar, a correr, qualquer coisa que o mantivesse vivo.

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Capa do livro A Vida Amorosa de Moll Flanders
Páginas: 359
Página atual: 95

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Prefácio 1
A vida amorosa de Moll Flanders 7