- Lá está ele! - gritou de modo involuntário, como alguém terrivelmente assustado.
Banford, estupefacta, passeou os olhos pela sala, endireitando-se na cadeira.
- Mas o que é que te deu, Nellie? - exclamou ela.
Mas March, um leve tom rosa nas faces ruborizadas, estava a olhar para a porta.
- Nada! Nada! - respondeu de mau modo. - Já não se pode falar?
- Pode, claro que pode - disse Banford.
- Desde que tenha algum sentido... Mas que querias tu dizer?
- Não sei, não sei o que quis dizer replicou March, impaciente.
- Oh, Nellie, espero que não estejas a tornar-te nervosa e irritável. Sinto que não poderia suportá-lo! Mais isso, não! - disse a pobre Banford, num ar assustado. - Mas a quem te referias? Ao Henry?
- Sim, suponho que sim - declarou March, lacónica. Nunca teria tido coragem de falar do raposo.
- Oh, meu Deus! Esta noite estou com os nervos arrasados -lamentou-se Banford.
Às nove horas, March trouxe um tabuleiro com pão, queijo e chá, pois Henry declarara preferir uma chávena de chá. Banford bebeu um copo de leite acompanhado com um pouco de pão. E mal acabara ainda de comer quando disse:
- Vou-me deitar, Nellie. Esta noite estou uma pilha de nervos. Não vens também?
- Sim, vou já, é só o tempo de ir arrumar o tabuleiro - respondeu March.
- Não te demores, então - disse Banford, algo agastada. - Boa noite, Henry. Se for o último a subir, não se esqueça do lume, está bem?
- Sim, Miss Banford, não me esquecerei, esteja descansada - replicou ele em tom tranquilizador.
Enquanto Banford subia as escadas já de palmatória na mão, March acendia entretanto uma vela a fim de ir até à cozinha.