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- Mas é que todos hão de ter - disse Jacinto simplesmente. Vossa Excelência manda! - murmurou o Silvério. Vergara os ombros, parado no caminho, no espanto daquelas extravagâncias. Eu tive de o apressar, impaciente:
- Vamos conversando e andando! É meio-dia! Estou com uma fome de lobo! Caminhámos, com o Silvério no meio, pensativo, a fronte enrugada sob a vasta aba do chapéu, a barba imensa espalhada pelo peito, e a barraca imensa do guarda-sol vermelho enrolada debaixo do braço. E Jacinto, puxando nervosamente o bigode, arriscava outras ideias benfazejas, cautelosamente, no seu indominável medo do Silvério:
- E as casas também... Aquela casa é um covil!... Gostava de abrigar melhor aquela pobre gente... E naturalmente, as dos outros caseiros são covis iguais... Era necessário uma reforma! Construir casas novas a todos os rendeiros da quinta...
- A todos?... - O Silvério gaguejava, emudeceu. E Jacinto balbuciava aterrado: - A todos, enfim, quero dizer... Quantos serão eles? Silvério atirou um gesto enorme: - São vinte e tantos... Vinte e três! se bem lembro. Upa! Upa! Vinte e sete... Então Jacinto emudeceu, como reconhecendo a vastidão do número. Mas desejou saber por quanto ficaria cada casa!... Oh! uma casa simples, mas limpa, confortável, como aquela que tinha a irmã do Melchior, ao pé do lagar. Silvério estacou de novo. Uma casa como a da Ermelinda?
Queria Sua Excelência saber? E alijou a cifra, muito de alto, como uma pedra imensa, para esmagar Jacinto:
- Duzentos mil réis, Excelentíssimo Senhor! E é para mais que não para menos! Eu ria da trágica ameaça do excelente homem. E Jacinto, muito docemente, para conciliar o Silvério:
- Bem, meu amigo... Eram uns seis contos de réis! Digamos dez. porque eu queria dar a todos alguma mobília.