Escola Francesa do século XVIII, tão graciosamente nele ondulavam as terras verdes, e com tanta paz e frescura corria o risonho Serpão, e tão afáveis e prometedores de fartura e contentamento alvejavam os casais nas verduras ligeiras. Os nossos cavalos caminhavam num passo pensativo, gozando também a paz da manhã adorável. E não sei que plantazinhas silvestres e escondidas espalhavam um delicado aroma, que eu tantas vezes sentira, naquele caminho, ao começar o Outono.
- Que delicioso dia! - murmurou Jacinto. - Este caminho para a Flor da Malva é o caminho do Céu... Oh Zé Fernandes, de que é este cheirinho tão doce, tão bom...
Eu sorri, com certo pensamento: - Não sei... É talvez já o cheiro do Céu! Depois, parando o cavalo, apontei com o chicote para o vale. - Olha, acolá, onde está aquela fila de olmos, e há o riacho, já são terras do tio Adrião. Tem ali um pomar, que dá os pêssegos mais deliciosos de Portugal... Hei de pedir à prima Joaninha que te mande um cesto de pêssegos. E o doce que ela faz com esses pêssegos, menino, é alguma coisa de extraceleste. Também lhe hei de pedir que te mande o doce.
Ele ria: - Será explorar de mais a prima Joaninha. E eu (porquê?) recordei e atirei ao meu Príncipe estes dois versos de uma balada cavalheiresca, composta em Coimbra pelo meu pobre amigo Procópio:
Manda-lhe um servo dizendo: «Bem hajas dona formosa!» E que lhe entregue um anel E com um anel uma rosa.
Jacinto riu alegremente: - Oh! Zé Fernandes, seria excessivo, logo, por causa de meia dúzia de pêssegos, e de um boião de doce.
Assim ríamos, quando apareceu, à volta da estrada, o longo muro da quinta dos Velosos, e depois a capelinha de S. José de Sandofim. E imediatamente piquei para o largo, para a taverna do Torto, por causa daquele vinhinho branco, que sempre, quando por ali a levo, a minha alma me pede.