E, oh surpresa!, eis que, logo adiante, na estação quieta e clara de Saint-Jean-de-Luz, um rapaz esbelto, de perfeita elegância, entra vivamente no meu compartimento, e, depois de me encarar, grita:
- Eh, Fernandes! Marizac! duque de Marizac! Era já o 202. Com que reconhecimento lhe sacudi a mão fina - por ele me ter reconhecido! E, atirando para o canto do vagão um paletó, um maço de jornais que o escudeiro lhe passara - o bom Marizac exclamava na mesma surpresa alegre:
- E Jacinto? Contei Tormes, a serra, o seu primeiro amor pela Natureza, o seu outro grande amor por minha prima, e os dois filhos, que ele trazia às cavaleiras.
- Ah que canalha! - exclamou Marizac com os olhos espetados em mim. - É capaz de ser feliz!
- Espantosamente, loucamente... Qual! Não há advérbios... - Indecentemente - murmurou Marizac muito sério. Que canalha! Eu então desejei saber do nosso rancho familiar do 202. Ele encolheu os ombros, acendendo a cigarette:
- Todo esse mundo circula... - Madame d'Oriol? - Continua. - Os Trèves? O Efraim? - Continuam, todos três. Lançou um gesto lânguido. - Em cinco anos, em Paris, tudo continua... As mulheres com um pouco mais de pós de arroz, e a pele um pouco mais mole, e melada. Os homens com um bocado mais de dispepsia. E tudo segue. Tivemos os Anarquistas. A princesa de Carman abalou com um acrobata do Circo de Inverno. E - et voilà!
- Dornan? - Contínua... Não o encontrei mais desde o 202... Mas vejo às vezes o nome dele, no «Boulevard», com versos preciosos, obscenidades muito apuradas, muito subtis.
- E o psicólogo?... Ora, como se chamava ele?... - Continua também. Sempre com as feminices a três francos e cinquenta... Duquesas em camisa, almas nuas... Coisas que se vendem bem!
Mas quando