E como Jacinto, reparando casualmente no chapéu que ela trazia, se curvara com curiosidade, impressionado, Madame d'Oriol apagou o sorriso, toda séria, perante uma coisa séria:
- Elegante, não é verdade?... É uma criação inteiramente nova de Madame Vial. Muito respeitoso, e muito sugestivo, agora na Quaresma.
O seu olhar, que me envolvera, também me convidava a admirar. Aproximei, o meu focinho de homem das serras para contemplar essa criação suprema do luxo de Quaresma. E era maravilhoso! Sobre o veludo, na sombra das plumas frisadas, aninhada entre rendas, fixada por um prego, pousava delicadamente, feita de azeviche, uma Coroa de Espinhos!
Ambos nos extasiámos. E Madame d'Oriol, num movimento e num sorriso que derramou mais aroma e mais claridade, abalou para a Madalena.
O meu Príncipe arrastou pelo tapete alguns passos pensativos e moles. E bruscamente, levantando os ombros com uma determinação imensa, como se deslocasse um mundo:
- Oh Zé Fernandes, vamos passar este domingo nalguma coisa simples e natural... - Em quê? Jacinto circungirou os olhares muito abertos, como se, através da Vida Universal, procurasse ansiosamente uma coisa natural e simples. Depois, descansando sobre mim os mesmos largos olhos que voltavam de muito longe, cansados e com pouca esperança:
- Vamos ao jardim das Plantas, ver a girafa!