Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 5: CAPÍTULO V

Página 74
Mas era então a poeira, suja e acre, rolada em. bafos mornos, que o enfurecia:

- Oh, este pó da Cidade! - Mas, oh Jacinto, porque não vamos para Fontainebleau, ou para Montmorençy, ou...

- Pra o campo? O quê! Para o campo?! E na sua face enrugada, através deste berro, lampejava sempre tanta indignação, que eu Curvava os ombros, humilde, no arrependimento de ter afrontosamente ultrajado o Príncipe que tanto amava. Desventurado Príncipe! Com o seu dourado cigarro de Yaka a fumegar, errava então pelas salas, lenta e murchamente, como quem vaga em terra alheia sem afeições e sem ocupações. Esses desafeiçoados e desocupados passos monotonamente o traziam ao seu centro, ao gabinete verde, à Biblioteca de, ébano, onde acumulara Civilização nas máximas proporções, para gozar nas máximas proporções a delícia de viver. Espalhava em torna um olhar farto. Nenhuma curiosidade ou interesse lhe solicitavam as mãos, enterradas nas algibeiras, das pantalonas de seda numa inércia de derrota. Anulado, bocejava com descoroçoada, moleza. E nada mais instrutivo e doloroso do que este supremo homem do século XIX, no meio de todos os aparelhos reforçadores dos seus órgãos, e de todos os fios que disciplinavam ao seu serviço as Forças Universais, e dos seus trinta mil volumes repletos do saber dos séculos - estacando, com as mãos derrotadas no fundo das algibeiras, e exprimindo, na face e na indecisão mole de um bocejo, o embaraço de viver!

<< Página Anterior

pág. 74 (Capítulo 5)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Cidade e as Serras
Páginas: 238
Página atual: 74

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 26
CAPÍTULO IV 41
CAPÍTULO V 62
CAPÍTULO VI 75
CAPÍTULO VII 88
CAPÍTULO VIII 105
CAPÍTULO IX 144
CAPÍTULO X 177
CAPÍTULO XI 188
CAPÍTULO XII 195
CAPÍTULO XIII 201
CAPÍTULO XIV 212
CAPÍTULO XV 220
CAPÍTULO XVI 223