Capítulo 6: CAPÍTULO VI
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.. E talvez por ma ilusão! Pensativamente deixou a borda do terraço, como se a presença da Cidade, estendida na planície, fosse escandalosa. E caminhámos devagar, sob a moleza cinzenta da tarde, filosofando - considerando que para esta iniquidade não havia cura humana, trazida pelo esforço humano. Ah, os Efrains, os Trèves, os vorazes e sombrios tubarões do mar humano, só abandonarão ou afrouxarão a exploração das Plebes, se uma influência celeste, por milagre novo, mais alto que os milagres velhos, lhes converter as almas! O burguês triunfa, muito forte. todo endurecido no pecado - e contra ele são impotentes os choros dos Humanitários, os raciocínios dos Lógicos, as bombas dos Anarquistas. Paraamolecer tão duro granito só uma doçura divina. Eis pois a esperança da Terra novamente posta num Messias!... Um decerto desceu outrora dos grandes Céus: e, para mostrar bem que mandado trazia, penetrou mansamente no mundo pela porta de um curral. Mas a sua passagem entre os homens foi tão curta! Um meigo sermão numa montanha, ao fim de uma tarde meiga; uma repreensão moderada aos Fariseus que então redigiam o «Boulevard»; algumas vergastadas nos Efrains vendilhões; e logo, através da porta da Morte, a fuga radiosa para o Paraíso! Esse adorável filho de Deus teve demasiada pressa em recolher a casa do seu Pai! E os homens à quem ele incumbira a continuação da sua obra, envolvidos logo pelas influências dos Efrains, dos Trèves, da gente do «Boulevard», bem depressa esqueceram a lição da Montanha e do lago de Tiberíade - e eis que por seu turno revestem a púrpura, e são Bispos, e são Papas, e se aliam à opressão, e reinam com ela, e edificam a duração do seu reino sobre a miséria dos sem-pão e dos sem-lar! Assim tem de ser recomeçada a obra da Redenção.
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