- Oh! eu estou aqui no meu bairro! - exclamava alegremente Maurício. - Em família, em chinelos... Há três meses que subi para estes cimos da Verdade... Mas tu na Santa Colina, homem profano da planície e das ruas de Israel!
O meu Príncipe mostrou o seu Zé Fernandes: - Com este amigo, em peregrinação à Basílica... O meu amigo Fernandes Lorena... Maurício de Mayolle, velho camarada.
Mr. de Mayolle (que, pela face larga e nariz nobremente grosso, lembrava Francisco de Valois, rei de França) ergueu o seu chapéu de palha. E empurrava uma cadeira, insistia que nos acomodássemos para um absinto ou para um bock.
- Toma um bock, Zé Fernandes! - lembrou Jacinto. Tu estavas a ganir com sede! Corri lentamente a língua sobre os beiços, mais secos que pergaminhos: - Estou a guardar esta sedezinha para logo, para o jantar, com um vinhozinho gelado!
Maurício saudou, com silenciosa admiração, esta minha avisada malícia. E imediatamente, para o meu Príncipe:
- Há três anos que te não vejo, Jacinto... Como tem sido possível, neste Paris que é uma aldeola e que tu atravancas?
- A vida, Maurício, a espalhada vida... Com efeito! Há três anos, desde a casa dos. Lamotte-Orcel. Tu ainda visitas esse santuário?
Maurício atirou um gesto desdenhoso e largo, que sacudia um mundo. - Oh! Há mais de um ano que me separei dessa bicharia herética... Uma turba indisciplinada, meu Jacinto! Nenhuma fixidez, um diletantismo estonteado, carência completa e cómica de toda a base experimental... Quando tu ias aos Lamotte-Orcel, e à Parola do 37, e à Cerveja Ideal, o que reinava....
Jacinto catou lentamente as suas recordações por entre os pêlos do bigode: - Eu sei!... Reinava Wagner e a Mitologia Édica, e o Raganarock, e as Normas...
Muito Pré-Rafaelismo também, e Montagna, e Fra Angelico.