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Capítulo 1: A queda da casa de Usher

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Fui obrigado a remeter-me à pouco satisfatória conclusão de que, se há, indubitavelmente, combinações de objectos naturais muito simples que possuem o poder de assim nos afectar, não é menos verdade que a análise desse poder assenta em considerações que estão para além da nossa capacidade. Era possível, reflecti, que uma simples diferença na disposição dos pormenores do cenário, dos pormenores do quadro, fosse o bastante para modificar, ou talvez anular, a sua capacidade de provocar uma impressão penosa; e, agindo de acordo com esta ideia, conduzi o cavalo até à orla alcantilada de um negro e sinistro lago que se estendia com um brilho sereno junto da moradia, e olhei para baixo mas com um estremecimento mais arrebatado r ainda do que antes -, para as imagens transformadas e invertidas da junça cinzenta, dos fantasmagóricos troncos das árvores e das janelas vazias e semelhantes a olhos.

Era, não obstante, nesta mansão de melancolia que me propunha passar algumas semanas. O seu proprietário, Roderick Usher, fora um dos meus bons companheiros de infância; mas muitos anos tinham decorrido desde o nosso último encontro. Contudo, chegara-me ultimamente às mãos uma carta, numa região distante do país - uma carta dele -, que, por virtude da sua natureza estranhamente inquietante, não admitia outra resposta que não fosse de viva voz. A caligrafia dava indícios de agitação nervosa. O autor referia-se a uma enfermidade física aguda - a uma perturbação mental que o oprimia- e a um ardente desejo de ver-me, como o seu melhor e aliás único amigo pessoal, no intuito de buscar, na alegria do meu convívio, algum alívio para o seu mal. Fora o tom em que tudo isto, e muito mais, era dito - fora a alma aparente que acompanhava o pedido - que não me permitira qualquer hesitação; assim, apressei-me a satisfazer o que continuava, porém, a considerar um dos mais singulares convites.

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Capa do livro A Queda da Casa de Usher
Páginas: 23
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Os capítulos deste livro:
A queda da casa de Usher 1