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Capítulo 1: Ligeia

Página 14
Com o agravamento da enfermidade crónica que, aparentemente, assim se tinha apossado pertinazmente de mais da sua constituição para poder ser erradicada por meios humanos, não pude deixar de notar um crescimento similar da irritação nervosa do seu temperamento e da sua excitabilidade perante causas triviais de receio. Voltara a falar, e agora mais frequente e obstinadamente, dos sons - dos débeis sons - e dos movimentos estranhos entre as tapeçarias a que já em tempos aludira. Uma noite, perto do final de Setembro, suscitou a minha atenção para este angustiante assunto com uma insistência superior à habitual. Tinha acabado de despertar de um torpor intranquilo e eu estivera a observar, com um sentimento misto de ansiedade e de vago terror, os movimentos da sua face emaciada. Sentei-me ao lado do leito de ébano, numa das otomanas da Índia. Ela soergueu-se e falou, num sussurro grave, de sons que tinha ouvido nesse momento, mas que eu não conseguira ouvir, e de movimentos que nesse momento vira, mas que eu não lograra distinguir. O vento soprava fresco por detrás das tapeçarias, e eu quis demonstrar-lhe (o que, devo confessar, não acreditava totalmente) que esses murmúrios quase inarticulados e essas levíssimas variações das figuras nas paredes não passavam de efeitos naturais daquele habitual sopro do vento. Todavia, a palidez mortal que se lhe espalhou pelo rosto mostrou que os meus esforços para tranquilizá-la seriam infrutíferos. Pareceu-me que desmaiava, e não havia criados por perto. Recordei-me do local onde estava guardada uma garrafa de vinho fraco que fora prescrito pelos seus médicos,• e atravessei rapidamente o quarto para ir buscá-lo. Contudo, mal passei sob a luz do turíbulo, houve duas circunstâncias de natureza surpreendente que me despertaram a atenção.

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Ligeia 1