O Escaravelho de Ouro - Cap. 1: O escaravelho de ouro Pág. 22 / 38

Não havia a menor partícula de prata. Tudo era ouro muito antigo e de diferente proveniência: dinheiro francês, espanhol e alemão, alguns guinéus ingleses e algumas moedas que desconhecíamos. Havia moedas pesadas e grandes, tão gastas que não conseguimos decifrar a inscrição. Dinheiro americano não havia. Mais difícil foi calcular o valor das jóias. Havia diamantes - alguns deles de um tamanho e pureza incomparáveis -, cento e dez ao todo, e nenhum deles pequeno; dezoito rubis de um brilho notável; trezentas e dez esmeraldas, todas elas lindíssimas; vinte e uma safiras e uma opala. Estas pedras tinham sido arrancadas ao seu engaste e atiradas ao acaso para o cofre. Esses engastes, encontrados entre o resto do ouro, pareciam ter sido amassados a martelo como para dificultar o reconhecimento. Além disso havia uma grande quantidade de objectos de ouro maciço - cerca de duzentos anéis e brincos; ricas correntes - umas trinta, se bem me lembro; oitenta e três crucifixos grandes e pesados; cinco turíbulos de ouro de grande valor; uma taça de ponche prodigiosa, ornada de figuras cinzeladas que representavam folhas de vinha e bacantes; dois punhos de espada artisticamente cinzelados, e outros pequenos artigos de que não me lembro agora. O peso destes valores excedia as trezentas e cinquenta libras. E nesta avaliação não entraram cento e noventa e sete magníficos relógios de ouro, três dos quais valiam seguramente quinhentos dólares cada um. Muitos deles eram antiquíssimos e inúteis para contar o tempo; os mecanismos haviam sofrido mais ou menos com a corrosão; mas todos eram ricamente guarnecidos de pedrarias e as suas caixas eram valiosíssimas. Avaliámos o conteúdo do cofre, nessa noite, em um milhão e meio de dólares; mais tarde, quando vendemos as pedrarias e jóias (tendo guardado algumas para nosso próprio uso), verificámos que calculáramos o tesouro muito abaixo do seu verdadeiro valor.




Os capítulos deste livro