Se não fosse isso começaria por tentar o francês e o espanhol, línguas em que um pirata dos mares espanhóis mais provavelmente anotaria o seu segredo. Supus, pois, que o criptograma era em inglês.
»Como vês, não existem separações entre as palavras. Se existissem, a tarefa seria comparativamente mais fácil. Começaria por analisar as palavras mais curtas e se encontrasse uma palavra de uma só letra (o artigo a uma ou o pronome I eu, por exemplo) consideraria garantida a solução. Mas, dado que não existia tal divisão, o meu primeiro passo foi verificar quais os caracteres mais frequentes e quais os menos frequentes. Contando-os, construí o seguinte quadro:
»Ora, em inglês, a letra mais frequente é o e. k outras apresentam-se na ordem seguinte: a o i d h n r s t u y c f g l m w b k p q x z. O e, contudo, domina de tal modo, que é raro aparecer uma frase qualquer em que ele não seja a letra prevalecente.
»Aqui temos, pois, um ponto de partida para algo que já não é simples conjectura. O uso que podemos fazer deste quadro é óbvio, mas neste caso particular só raramente recorreremos a ela. Como o nosso carácter dominante é o 8, vamos começar por assumir que corresponde ao e do alfabeto normal. Para verificar esta suposição observemos que o 8 aparece muitas vezes aos pares (o e é frequentemente duplo em inglês) em palavras como ‘meet’, ‘fleet’, ‘seen’, ‘been’, ‘agree’, etc. No exemplo presente encontramos nada menos de cinco pares, embora o criptograma seja curto.
»Consideremos, pois, que 8 representa e. Ora, de todas as palavras da língua, a mais vulgar é 'the'; vejamos, pois, se não haverá repetições de três caracteres seguidos de que o último seja 8.
