O Escaravelho de Ouro - Cap. 1: O escaravelho de ouro Pág. 8 / 38

Po'que é que ele sonha tanto com ou'o se não foi rno'dido pelo escàavelho de ou'o? Já ouvi falà em esca'avelhos de ou' o antes disto.

- Mas como sabes que ele sonha com ouro?

- Como é que sei? O'a po'que ele fala a do'mi', pc'que é que havia de se'?

- Bem, Jup, talvez tenhas razão. Mas a que feliz circunstância devo a honra da tua visita hoje?

- Como diz, Massa?

- Trouxeste-me algum recado do teu amo?

- Não, Massa, t'ouxe esta ca'ta aqui. -Júpiter entregou-me um papel assim redigido:

Meu caro:

Por que razão não te veio há tanto tempo? Espero que não tenhas ficado ofendido com algumas palavras mais bruscas que possa ter dito. Mas não, tal é impossível.

Desde a última vez que te vi tenho andado muito ansioso. Tenho uma coisa a dizer-te, mas não sei muito bem como dizer-ta, nem mesmo se a devo ou não dizer.

Não tenho andado muito bem nestes últimos dias e o pobre do Júpiter tem-me aborrecido imenso e é insuportável com os seus cuidados e atenções. Imagina que outro dia arranjou um grande pau e preparava-se para me desancar por eu lhe ter escapado e passado o dia, solus, a vaguear pelas colinas do continente. Acho que só o meu mau aspecto me salvou do castigo.

Nada acrescentei às minhas colecções desde que estivemos juntos pela última vez.

Se puderes vem com o Júpiter. Peço-te que venhas. Queria ver-te esta noite para tratar de um assunto importante. Garanto-te que é da maior importância.

Amigo certo,

WILUAM LEGRAND.

Havia qualquer coisa no tom daquela nota que me perturbava. O seu estilo era completamente diferente do habitual a Legrand. Em que estaria ele a sonhar? Que novo capricho se apoderara do seu cérebro? Qual o «assunto da maior importância» que ele teria a tratar? A narrativa de Júpiter não deixava antever nada de bom.





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