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Capítulo 1: O poço e o pêndulo

Página 13
Fiquei louco, frenético, lutei para erguer-me e ir ao encontro da terrível cimitarra. E então, de repente, fiquei muito calmo e quieto, sorrindo à morte brilhante como uma criança perante um precioso brinquedo.

Houve outro intervalo de total insensibilidade; foi breve; porque, ao recuperar de novo os sentidos, não houvera qualquer mudança perceptível, na posição do pêndulo. Mas podia ter sido longo; porque eu sabia que havia demónios que vigiavam o meu desmaio e podiam ter parado as oscilações a seu bel-prazer. Ao voltar a mim senti também um mal-estar e fraqueza inexprimíveis, como a seguir a um longo período de inanição. Mesmo no meio das angústias presentes a natureza humana reclamava o seu alimento Com um esforço doloroso estendi o braço esquerdo até onde me permitirá, as correias que me atavam e apoderei-me da pouca comida que os ratos me haviam deixado. Ao meter parte dela na boca, um pensamento informe de alegria e esperança assaltou-me o espírito. No entanto que poderia haver de comum entre mim e a esperança? Era, como disse, um pensamento informe - o homem tem pensamentos destes que nunca são completados Senti que era de alegria - de esperança; mas senti também que morrera à nascença. Em vão lutei por aperfeiçoá-lo, por o apanhar. O longo sofrimento quase aniquilara todas as faculdades habituais do meu espírito. Transformara-me num imbecil, num idiota.

O pêndulo oscilava em ângulo recto com o meu comprimento. Vi que o crescente fora previsto para me atravessar a região do coração. Tocaria o burel da minha túnica - voltaria e repetiria a operação - uma e outra vez. Apesar do seu percurso terrivelmente largo (trinta pés ou mais) e a energia assobiante da sua descida, suficiente para cortar até estas paredes de ferro, durante alguns minutos não faria mais do que arranhar a minha túnica.

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Capa do livro O Poço e o Pêndulo
Páginas: 20
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Os capítulos deste livro:
O poço e o pêndulo 1