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Capítulo 1: Os crimes da Rua Morgue

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Os crimes da Rua Morgue


Que canção cantavam as sereias?
Que nome tomou Aquiles quando se escondeu no meio das mulheres?
Perguntas embaraçosas, é certo, mas que não estão para além de todas as conjecturas
.

SIR THOMAS BROWNE. URN-BURIAL

As faculdades orientais chamadas «analíticas» são em si mesmo pouco susceptíveis de análise. Só as podemos apreciar pelos seus resultados. Sabemos, entre outras coisas, que elas são para quem as possui em alto grau uma fonte vivíssima de prazer. Tal como o homem forte se regozija das suas capacidades físicas, deliciando-se com os exercícios que põem os seus músculos em acção, assim também o analista se glorifica com aquela actividade moral que desenreda. Tira prazer das ocupações mais triviais que põem em jogo o seu talento. Adora enigmas, charadas, hieróglifos; as suas conclusões têm sempre uma agudeza que, aos espíritos vulgares, aparece como sobrenatural. Os resultados deduzidos pela alma e essência de método têm, na verdade, todo o ar de intuição. Esta faculdade de resolução deve possivelmente muito ao estudo da matemática e especialmente daquele mais alto ramo dessa ciência que, injustamente e simplesmente devido às suas operações retrógradas, foi chamado, como par excellence, «análise». Calcular, porém, não é em si mesmo analisar. Um jogador de xadrez, por exemplo, calcula sem forçosamente analisar. Daí que a influência do jogo de xadrez sobre o carácter mental seja erradamente compreendida. Não pretende escrever um tratado mas, unicamente, prefaciar uma narrativa de certo modo estranha, anotando ao acaso certas observações. Aproveito, pois a ocasião para afirmar que os mais altos poderes da reflexão são mais proveitosa e activamente exercitados no jogo das damas que na frivolidade complicada do xadrez.

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Capa do livro Os Crimes da Rua Morgue
Páginas: 42
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Os capítulos deste livro:
Os crimes da Rua Morgue 1