Uma descida no Maelstrom - Cap. 1: Uma descida no «Maelström» Pág. 11 / 23

»Atravessarmos as ilhas - os meus dois irmãos e eu -, cerca de duas horas da tarde, e não tardou que enchêssemos a sumaca de bom peixe, que, conforme todos notámos, era nesse dia mais abundante do que alguma vez víramos. Eram precisamente sete horas, no meu relógio, quando suspendemos e iniciámos a viagem de regresso, por forma a atravessar a parte mais violenta do Ström durante a acalmia, que sabíamos ocorrer às oito.

»Largámos com vento fresco pelo través de estibordo, e durante algum tempo seguimos a grande velocidade, não sonhando sequer que houvesse qualquer perigo, porque realmente não víamos o menor motivo para o temermos. De repente, ficámos com o pano às costas, devido a um vento vindo dos lados de Helseggen. Isto era muito raro - algo que nunca antes nos sucedera - e comecei a sentir um certo mal-estar, sem saber exactamente porquê. Metemos à bolina, mas nada conseguíamos avançar devido aos remoinhos, e estava prestes a sugerir que regressássemos ao fundeadouro quando, olhando para ré, vimos todo o horizonte coberto por uma estranha nuvem cor de cobre que se erguia com a mais espantosa velocidade.

»Entretanto a brisa que nos surgira pela proa caiu e entrámos numa calmaria podre, descaindo em todas as direcções ao sabor das águas. No entanto, este estado de coisas não durou o suficiente para nos dar tempo de pensar nele. Em menos de um minuto a tempestade estava sobre nós; em menos de dois, o céu ficou completamente forrado e, fosse por essa razão ou devido à espuma que se levantava, fez-se repentinamente uma tal escuridão que nem conseguíamos ver-nos uns aos outros na sumaca.

»Seria loucura tentar descrever um furacão como aquele que então soprou. Nem o mais antigo marinheiro da Noruega experimentou jamais coisa que se parecesse.





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