Uma descida no Maelstrom - Cap. 1: Uma descida no «Maelström» Pág. 12 / 23

Tínhamos folgado completamente todas as velas antes de sermos apanhados de surpresa pela rajada; porém, ao primeiro sopro, ambos os mastros foram pela borda fora, como se tivessem sido cerrados, e o grande levou consigo o meu irmão mais novo que se tinha amarrado a ele como medida de precaução.

»O nosso barco era a mais leve pena que alguma vez existiu ao sabor das águas. Era de convés corrido, apenas com uma pequena escotilha junto à proa, que costumávamos sempre manter fechada quando nos preparávamos para atravessar o Ström, precavendo-nos assim do mar encapelado. Contudo, no caso presente teríamos ido imediatamente a pique - pois por instantes vimo-nos completamente sepultados pela água. Não sei dizer como escapou à morte o meu irmão mais velho, visto que nunca tive ocasião de o compreender. Por meu lado, mal folgara a vela do traquete, lancei-me de barriga para baixo sobre o convés, com os pés contra o estreito talabardão da proa e as mãos fincadas numa cavilha de arganéu junto ao pé do traquete. Foi o simples instinto que me levou a fazê-lo - e tratou-se indubitavelmente do que de melhor poderia ter feito, pois estava demasiadamente desorientado para pensar.

»Por momentos fomos completamente alagados, como disse, e durante todo esse tempo sustive a respiração, agarrando-me à cavilha. Quando já não podia aguentar mais, ergui-me de joelhos, continuando a segurar-me, conseguindo assim pôr a cabeça de fora. Nessa altura o nosso pequeno barco sacudiu-se, como fazem os cães ao saírem da água, erguendo-se assim, de algum modo, nas águas. Tentava eu refazer-me do estupor que se abatera sobre mim e recobrar os sentidos por forma a ver o que havia a fazer, quando senti que alguém me agarrava o braço. Era o meu irmão mais





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