Uma descida no Maelstrom - Cap. 1: Uma descida no «Maelström» Pág. 10 / 23

rodopiar tão violentamente que a amarra acabou por entoucar e começámos a ir à garra), se não fosse termos sido arrastados em direcção a uma das inúmeras correntes desencontradas - que hoje surgem aqui e amanhã já não existem - que nos levou para sotavento de Flimen, onde, por sorte, conseguimos fundear.

»Não conseguiria contar-lhe a vigésima parte das dificuldades que se nos deparam nos pesqueiros - mas encontrámos sempre maneira de aceitar o desafio do moskoe-ström propriamente dito sem acidentes, embora em certas ocasiões o coração quase me tenha saltado pela boca fora, quando acontecia atrasarmo-nos ou adiantarmo-nos um minuto relativamente à acalmia. Por vezes o vento não era tão forte como tínhamos julgado ao largar, e nessa altura singrávamos muito menos do que era nosso desejo, ao mesmo tempo que a corrente tornava impossível o governo da sumaca. O meu irmão mais velho tinha um filho de dezoito anos, e eu, por mim, tinha dois belos mocetões. Em tais circunstâncias eram-nos de grande utilidade, quer a manobrar os remos, quer depois na pesca - mas, fosse como fosse, embora nós próprios corrêssemos os riscos, não tínhamos coragem de deixar os jovens defrontar o perigo, porque, bem vistas as coisas, era um perigo terrível, essa é que é a verdade.

»Faltam poucos dias para fazer três anos que aconteceu o que lhe vou contar. Foi a 10 de Junho de 18... , um dia em que a gente desta região nunca esquecerá, pois foi quando soprou o maior furacão que alguma vez surgiu dos céus. E, no entanto, durante toda a manhã e mesmo a maior parte da tarde, fazia-se sentir uma brisa suave e regular de sudoeste e o Sol brilhava cintilante, de tal modo que nem o mais velho marinheiro de entre nós poderia prever o que ia seguir-se.





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