Uma descida no Maelstrom - Cap. 1: Uma descida no «Maelström» Pág. 15 / 23

do moskoe-ström estava a cerca de um quarto de milha mesmo na nossa proa - mas parecia-se tão pouco com o moskoeström de todos os dias como o turbilhão que neste momento vê se assemelha à corrente que faz andar a roda de um moinho. Se não soubesse onde nos encontrávamos, nem o que nos esperava, nem sequer reconheceria o local. Assim, fechei involuntariamente os olhos, horrorizado. As pálpebras cerraram-se como num espasmo.

»Não podiam ter passado mais de dois minutos quando, de repente, sentimos as vagas aplacarem-se e nos vimos cercados de espuma. O barco deu uma súbita meia volta e a seguir disparou segundo o novo rumo como um relâmpago. Nesse mesmo momento o rugido das águas foi completamente abafado por uma espécie de grito agudo - um som semelhante àquele que se pode imaginar produzirem os encanamentos de muitos milhares de vapores, ao descarregarem a pressão ao mesmo tempo. Estávamos agora na cintura da rebentação que sempre cerca o turbilhão; e pensei, evidentemente, que no instante imediato mergulharíamos no abismo cujo fundo não podíamos ver distintamente, devido à espantosa velocidade à qual éramos arrastados. O barco não pareceu de modo nenhum afundar, mas sim deslizar como uma bolha de ar sobre a superfície da vaga. A estibordo estava o turbilhão, e a bombordo erguia-se o oceano alterosa de onde saíramos, como uma enorme parede rodopiante entre nós e o horizonte.

»Poderá parecer estranho, mas nessa altura, quando estávamos em plena goela do abismo, senti-me mais sereno do que quando apenas nos aproximávamos dele. Tendo-me decidido a não acalentar mais esperanças, libertei-me de grande parte do temor que de início me prostrara. Suponho que era o desespero que me retesava os nervos.

»Ainda





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