Uma descida no Maelstrom - Cap. 1: Uma descida no «Maelström» Pág. 14 / 23

Iluminava com a maior nitidez tudo o que nos cercava... Mas, Deus meu, que cenário se revelava à sua luz!

»Fiz então uma ou duas tentativas de falar com o meu irmão, mas, de algum modo que não consegui entender, o ruído aumentara tanto que não me foi possível fazê-lo compreender uma única palavra, embora gritasse a plenos pulmões junto ao seu ouvido. Então ele abanou a cabeça, revelando uma palidez mortal, e ergueu um dedo, como quem diz: «Escuta!»

»A princípio não consegui perceber o que queria dizer, mas logo uma ideia terrível me assaltou. Tirei o relógio do bolso. Estava parado. Olhei para o mostrador, iluminado pelo luar, e a seguir rompi em pranto, arremessando-o ao mar. Tinha parado às sete horas! Estávamos atrasados em relação à acalmia, e o turbilhão do Strõm estava na sua máxima fúria!

»Quando um navio é de boa construção, está bem equipado e não leva grande carga, as ondas numa grande tempestade, quando ao largo, parecem sempre deslizar por sob a quilha - o que se afigura muito estranho à gente de terra e é aquilo que em linguagem náutica se chama cavalgar as vagas.

»Pois bem, até então tínhamos cavalgado as vagas às mil maravilhas; mas sucedeu então uma onda gigantesca apanhar-nos mesmo sob a almeida e erguer-nos com ela ao elevar-se - cada vez mais alto - como se nos levasse até ao céu. Nunca pensei que alguma vaga pudesse atingir semelhante altura. Depois descemos com uma torção, um deslizar e um mergulho que me fez sentir enjoado e tonto, como se caísse do cume de uma montanha enorme, num sonho. Enquanto nos mantivéramos no alto da vaga, porém, tinha relanceado o olhar em redor - e esse relance fora mais do que suficiente. Num momento apercebi-me da nossa exacta posição. O turbilhão





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