Uma descida no Maelstrom - Cap. 1: Uma descida no «Maelström» Pág. 20 / 23

sobre as velocidades relativas das suas carreiras descendentes em direcção à espuma do fundo 'Este abeto', dei por mim a dizer em determinada altura, 'vai decerto ser o próximo objecto a dar o terrível mergulho é desaparecer'; e a seguir fiquei desapontado ao ver que os destroços de um navio mercante holandês ultrapassavam e atingiam primeiro o fundo. Por fim, após ter feito várias conjecturas deste teor, e em todas elas me ter enganado este facto o erro invariável dos meus cálculos - fez-me embrenhar num curso de ideias que novamente me fez tremer as pernas e o coração bater agitado.

»Não era um novo terror que assim me afectava, mas antes o alvorecer de uma esperança mais excitante. Tinha ela origem, por um lado, na memória, e por outro na observação actual. Recordei a grande quantidade de objectos flutuantes que juncavam a costa de Lofoten, depois de terem sido engolidos é expelidos pelo moskoeström. A grande maioria das coisas surgia estilhaçada do modo mais extraordinário - todas elas tão laceradas e desbastadas que chegavam a parecer cobertas de esquirolas -, mas, por outro lado, lembrei-me distintamente de que havia algumas nada desfiguradas. Ora, eu não podia explicar essa diferença a não ser supondo que os fragmentos desbastados eram os únicos que tinham sido completamente tragados, enquanto os outros tinham entrado no turbilhão num período tão adiantado da maré ou, por qualquer razão, tinham descido tão lentamente após a entrada, que não atingiam o fundo antes de o virar do fluxo ou do refluxo, consoante o caso. Fosse como fosse, considerei possível que pudessem ser novamente precipitados a redemoinhar até ao nível do oceano sem sofrer o destino dos que tinham sido engolidos mais cedo ou absorvidos mais rapidamente.





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