Uma descida no Maelstrom - Cap. 1: Uma descida no «Maelström» Pág. 9 / 23

Os pesqueiros habituais são muito mais profundos para o sul. Aí pode recolher-se peixe a qualquer hora, sem grande risco, e portanto trata-se dos locais preferidos. No entanto, os lugares de eleição aqui entre as rochas não só contêm as espécies mais requintadas, como em muito maior abundância; assim, chegámos a apanhar num único dia o que os mais tímidos companheiros de ofício não conseguiam reunir todos juntos numa semana. De facto, fazíamos disso uma especulação desenfreada - substituindo o trabalho pelo risco da vida e utilizando a coragem por capital.

»Abrigávamos a sumaca numa enseada umas cinco milhas mais acima na costa do que esta; e costumávamos, com bom tempo, aproveitar a acalmia de quinze minutos para atravessarmos o canal principal do moskoe-ström, bem além do fosso, para a seguir fundearmos em qualquer lugar próximo de Otterholm ou de Sandflesen, onde os refluxos não são tão violentos. Em regra permanecíamos aí quase até à hora em que as águas voltavam a acalmar, altura em que suspendíamos e regressávamos. Nunca nos aventurámos a empreender esta expedição sem um bom vento de través para a ida e o regresso - um vento do qual pudéssemos estar certos de não nos faltar antes da volta - e raramente nos enganávamos neste cálculo. Por duas vezes, em seis anos, fomos obrigados a passar toda a noite fundeados devido a uma calmaria podre, que é coisa realmente rara nestas paragens; e noutra ocasião tivemos de ficar nos pesqueiros cerca de uma semana, mortos de fome, devido a um furacão que se levantou pouco depois de chegarmos e que tornava o canal demasiado tumultuoso para pensarmos sequer em atravessá-lo. Dessa vez poderíamos ter sido arrastados para o largo apesar de tudo (pois os turbilhões faziam-nos





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