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Capítulo 1: William Wilson

Página 23

Debalde fugia. A má sorte perseguia-me como que exultante, e bem depressa se revelou que o exercício do seu misterioso domínio apenas se iniciara. Mal chegado ainda a Paris, tive nova prova do execrável interesse que Wilson dedicava aos meus assuntos. Os anos passaram sem que conhecesse qualquer alívio. Miserável!... Em Roma, como se interpôs importunamente - e contudo com que espectral solicitude - entre mim e a minha ambição! É o mesmo em Viena... e em Berlim... e em Moscovo! Na verdade, que local houve onde não tivesse amargas razões para o amaldiçoar de todo o coração? Acabei por fugir a esta inescrutável tirania, tomado de pânico, como se da peste se tratasse; e até aos confins da terra debalde fugi.

E uma e outra vez, em secreta comunhão com o meu espírito, me interrogava: «Quem é ele?... De onde vem? E que pretender» Mas não encontrava resposta. Passei a examinar, com minuciosa atenção, as formas, os métodos, os traços característicos da sua impertinente vigilância. Porém, tão-pouco desse modo logrei obter algo que pudesse servir de base às minhas conjecturas. Era, realmente, notável que, em nenhuma das múltiplas ocasiões em que ele recentemente se me atravessara no caminho, o fizesse com outro objectivo que não fosse o de frustrar os planos, ou perturbar as acções, que, a terem sido levadas a cabo, poderiam ter provocado pesados danos. Fraca justificação esta, realmente, para uma autoridade tão imperiosamente exercida! Fraco ressarcimento para os naturais direitos de livre arbítrio tão pertinaz, tão injuriosamente coarctados!

Tinha igualmente sido forçado a notar que o meu carrasco, durante um longo período de tempo (enquanto simultaneamente mantinha com escrúpulo e miraculosa destreza o capricho de identificar-se comigo no modo de trajar) agira de maneira a que, na execução das suas várias interferências com a minha vontade, eu lhe não distinguisse nunca os traços fisionómicos.

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