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Capítulo 1: William Wilson

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Em verdade, esse venerável e velho povoado era como que um exaltante lugar de fantasia. Neste momento, através da imaginação, sinto a revigorante frescura das suas avenidas cobertas de sombras, aspiro a fragrância dos seus mil matagais e estremeço de novo com indefinível deleite ao toque profundo e cavo do sino da igreja, quebrando a cada hora, com o seu soturno e repentino rugir, a quietude da sombria atmosfera na qual repousava adormecido o campanário gótico.

Experimento talvez o maior prazer que hoje me é dado sentir, seja por que meio for, ao deter-me em minuciosas reminiscências da escola e das suas ansiedades. Mergulhado na miséria como estou - miséria, ai de mim, bem verdadeira! -, perdoar-me-ão que busque lenitivo, por mais ténue e passageiro que seja, na futilidade de certos pormenores desconexos. Por muito que estes sejam vulgares e mesmo ridículos em si mesmos, assumem, na minha imaginação, uma importância circunstancial, ligados como estão a um período e a uma localidade em que reconheci as primeiras advertências do destino que mais tarde tanto me ensombrou a existência. Deixem-me, pois, recordar.

A casa era, como disse, velha e irregular. O terreno era extenso, e um alto e sólido muro de tijolos, encimado por uma camada de argamassa e vidros partidos, cercava todo o conjunto. Esta muralha digna de uma prisão constituía o limite dos nossos domínios; nunca víamos nada para além dele, a não ser três vezes por semana: uma todos os sábados de manhã, quando, acompanhados por dois preceptores, éramos autorizados a dar curtos passeios em conjunto por alguns dos terrenos vizinhos, e duas ao domingo, quando marchávamos da mesma maneira formal para os serviços religiosos da manhã e da tarde, celebrados na única igreja da aldeia.

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William Wilson 1