Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 1: William Wilson

Página 5

Mas a casa! Como era excêntrico o velho edifício! Para mim, que verdadeiro palácio de encantamento! Não havia realmente limites para os seus meandros - para as suas incompreensíveis subdivisões. Era difícil, em qualquer momento dado, dizer-se com segurança em qual dos dois andares nos encontrávamos. Entre um e outro compartimento, tínhamos sempre a certeza de deparar com três ou quatro degraus, ora a subir, ora a descer. Depois, as alas laterais eram inumeráveis, inconcebíveis, e tão imbricadas sobre si próprias que as ideias mais exactas que formávamos de tudo aquilo não diferiam muito da concepção que tínhamos do infinito. Durante os cinco anos em que nela residi, nunca logrei certificar-me com precisão de qual o remoto local onde se situava o pequeno quarto de dormir que me estava destinado, juntamente com uns dezoito ou vinte outros alunos.

A sala de aulas era a mais espaçosa da casa - e do mundo inteiro, não podia eu deixar de pensar. Era muito comprida, estreita e lugubremente baixa, com janelas ogivais góticas e tecto de carvalho. A um canto afastado e atemorizante havia um recinto quadrado de dois metros e meio a três metros, representando o sanctum do nosso director, o Rev. Dr. Bransby. Era uma estrutura sólida, com uma porta maciça; e bem preferiríamos morrer de peine forte et dure ( castigo forte e duro ) a abri-la na ausência do nosso «Dorninie». Noutros cantos havia dois outros blocos semelhantes, bem menos venerados, mas mesmo assim consideravelmente inspiradores de terror. Um deles era o púlpito do mestre de «humanidades», e outro o do de «inglês e matemática». Disseminados pela sala, cruzando-se e entrecruzando-se com uma regularidade interminável, havia inúmeros bancos e carteiras, negros, antigos e gastos pelo tempo, imensamente empilhados de livros excessivamente manuseados e tão marcados de iniciais, de nomes completos, de desenhos grotescos e de outros esforços das navalhas, que tinham já perdido o pouco de pessoal que poderia ter-lhes sido conferido em tempos imemoriais.

<< Página Anterior

pág. 5 (Capítulo 1)

Página Seguinte >>

Capa do livro William Wilson
Páginas: 27
Página atual: 5

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
William Wilson 1