- O senhor e o seu irmão chegaram aqui ao mesmo tempo que nós, não chegaram? - perguntou Hildegarde, olhando-o com olhos que pareciam brilhante esmalte azul.
Benjamin hesitou. Se ela o tomava pelo irmão do seu pai seria adequado esclarecê-la? Recordou-se da sua experiência em Yale e decidiu não o fazer. Seria indelicado contradizer uma dama; seria criminoso macular aquela requintada ocasião com a história grotesca da sua origem. Mais tarde, talvez. Por isso, acenou com a cabeça, sorriu, escutou e sentiu-se feliz.
- Gosto de homens da sua idade - disse-lhe Hildegarde. - Os rapazes novos são tão patetas! Dizem-me quanto champanhe beberam na faculdade e quanto dinheiro perderam em jogos de cartas. Os homens da sua idade sabem apreciar as mulheres.
Benjamin sentiu-se à beira de uma declaração, mas, com um esforço, sufocou o impulso.
- Tem, precisamente, a idade romântica - continuou ela -, cinquenta anos. Os vinte e cinco são demasiado experientes; os trinta têm tendência para a palidez devido a excesso de trabalho; quarenta é a idade das longas histórias que demoram um charuto inteiro a serem contadas; os sessenta são... oh, os sessenta estão demasiado perto dos setenta, mas os cinquenta são a idade madura. Adoro os cinquenta.
Cinquenta anos pareceram a Benjamin uma idade gloriosa. Ansiou apaixonadamente por ter cinquenta anos.
- Eu sempre disse - continuou Hildegarde - que preferiria casar com um homem de cinquenta anos que cuidasse de mim a casar com um homem de trinta e ter de cuidar dele.
O resto da noite pareceu a Benjamin banhado por uma bruma cor de mel. Hildegarde concedeu-lhe mais duas danças e descobriram que estavam maravilhosamente de acordo em todas as questões actuais.