O Estranho Caso de Benjamin Button - Cap. 8: VIII Pág. 28 / 38

Mas há uma maneira certa e uma maneira errada de fazer as coisas. Se resolveste ser diferente de todos, não creio que possa deter-te, mas, com franqueza, não me parece uma atitude muito delicada.

- Mas, Hildegarde, não posso evitá-lo.

- Podes, sim. És, pura e simplesmente, teimoso. Pensas que não queres ser como qualquer outra pessoa. Sempre foste e sempre serás assim. Mas pensa no que aconteceria se toda a gente visse as coisas como tu vês. Como seria o mundo?

Como se tratava de um argumento tolo e irrespondível, Benjamin não respondeu. E, a partir desse momento, abriu-se, e começou a alargar, um abismo entre ambos. Perguntou, até, a si mesmo que possível fascínio ela jamais exercera sobre ele.

Como se o abismo não chegasse, descobriu, à medida que o novo século avançava, que a sua sede de divertimento era cada vez maior. Não havia uma festa em Baltimore, fosse qual fosse a sua natureza, em que não estivesse presente, dançando com as mais bonitas das jovens mulheres casadas, conversando com as mais populares das debutantes e achando a sua companhia encantadora, enquanto a mulher, uma velho ta agourenta, se sentava entre os paus-de-cabeleira, ora numa atitude de altiva desaprovação, ora seguindo os seus movimentos com olhar grave, intrigado e recriminador.

«Olhem!», comentavam as pessoas. «Que pena! Um tipo jovem daquela idade ligado a uma mulher de quarenta e cinco anos. Deve ser vinte anos mais novo do que ela.» Tinham-se esquecido - como é inevitável que as pessoas se esqueçam - que na passada década de 1880 as suas mamãs e os seus papás também tinham feito comentários a respeito deste mesmo desarmónico casal.

A crescente infelicidade de Benjamin, em casa, era compensada pelos seus muitos novos interesses.





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