Capítulo 19: Capítulo 19
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Tais quadros isolados da vida humana, subordinados à linguagem comum da música, nunca são correspondentes ou ligados a ela por necessidade geral, mas somente existem na relação de um exemplo qualquer com um conceito comum, representam na certeza do verdadeiro aquilo que a música expressa na generalidade de formas puras. Pois, de um modo geral, as melodias são, como também os conceitos gerais, uma abstração da realidade. Porque esta, isto é, o mundo das cousas isoladas, fornece o representativo, o especial e individual, o caso isolado, tanto para a generalidade dos conceitos, quanto para a generalidade das melodias, generalidades que são, porém, de certo modo, opostas; opostas por os conceitos conterem apenas as formas abstraídas primeiramente da contemplação, por assim dizer a afastada casca externa das cousas, sendo portanto verdadeiras abstrações, enquanto que a música oferece o núcleo mais interno de todas as formas anteriores, quer dizer o coração das cousas. Esta relação poderia muito bem ser expressa na linguagem dos escolásticos, se se dissesse: Os conceitos são as universalia post rem, a música dá as universalia ante rem, e a realidade as universalia in re. Ser possível a relação entre uma composição e uma representação contemplativa baseia-se, como já foi afirmado, no fato de ambas serem expressões totalmente diferentes do mesmo ser interior do mundo. Quando agora, no caso isolado, se encontra verdadeiramente tal relação, isto é, que o compositor soube exprimir os impulsos da vontade, que perfazem o conteúdo de um acontecimento, na linguagem universal da música, então é expressiva a melodia da canção ou a música da ópera.
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