Não é possível deduzir da essência da Arte, como ela é entendida geralmente segundo a categoria da aparência e da beleza, o trágico se honestamente se deseja agir; só se deduzirmos do espírito da música, é que entendemos uma alegria na destruição do indivíduo. Pois é nos exemplos isolados de tal destruição que entendemos o fenômeno eterno da arte dionisíaca, que manifesta a vontade em sua onipotência por assim dizer atrás do principium individuationis a vida eterna longe de todo fenômeno e apesar de toda destruição. O prazer metafísico no trágico é uma tradução da instintiva e inconsciente sabedoria dionisíaca em linguagem da imagem; o herói, a maior aparição de vontade, é negado para nosso prazer, por ser apenas aparição, não sendo tocada com sua destruição a vida eterna da vontade. “Cremos na vida eterna”, exclama a Tragédia; enquanto que a Música é a ideia imediata desta vida. Um fim completamente diferente possui a arte do plástico: Aqui anula Apolo os sofrimentos do indivíduo pela glorificação brilhante da eternidade do fenômeno, aqui a beleza leva de vencida a dor inerente à vida, o sofrimento se faz desaparecer dos traços da Natureza, por um certo modo mentiroso. Na arte trágica e em seu simbolismo a Natureza se nos dirige com sua voz verdadeira, não dissimulada: “Sede como sou! Sob a mudança contínua dos fenômenos, a mãe primitiva eternamente geradora, a que eternamente obriga à existência, a que eternamente se contenta nesta mudança de fenômenos!”