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Capítulo 24: Capítulo 24

Página 146
É verdade, porém, que com a contradição popular e totalmente errônea de alma e corpo nada se poderia explicar para o entendimento da relação complicada que existe entre música e drama, se conseguiria, isso sim, confundir tudo. Mas parece que é a rudeza antifilosófica daquela contradição que, justamente entre nossos estetas, se verteu, (sabe-se lá por que razões?) em muito apreciado artigo de fé, enquanto nada aprenderam acerca de uma contradição entre o fenômeno e a contradição em si, ou, por causas igualmente ignoradas, nada quiseram aprender.

Caso resultasse de nossa análise ter, por sua ilusão, o apolínico na tragédia, levado totalmente de vencida o elemento primitivo dionisíaco da música, tendo aproveitado esta para seus fins, isto é, para o supremo esclarecimento de seus fins, então seria necessário fazer uma restrição muito importante: no ponto principal quebrou-se e aniquilou-se aquela ilusão apolínica. O drama, que diante de nós se estende em clareza tão intimamente iluminada de todos os movimentos e figuras, com a ajuda da música, como se víssemos formar-se o tecido no tear — alcança, como conjunto, um efeito, que está além de todos os efeitos artísticos apolínicos. No resultado geral da tragédia alcança, novamente, o dionisíaco a supremacia; ela finda com um sonido que poderia jamais ter-se originado no reino da arte apolínica. Com isto a ilusão apolínica demonstra ser o que realmente é, a cobertura do efeito dionisíaco, propriamente dito, que se mantém durante o tempo em que dura a tragédia. Este efeito, entretanto, é tão poderoso, que impele, no final, o próprio drama apolínico a uma esfera onde principia a falar, com sabedoria dionisíaca, negando-se com clareza apolínica. Poder-se-ia, deste modo, simbolizar a relação complicada do apolínico e do dionisíaco na tragédia por uma aliança fraternal de ambas as divindades: Dionísio fala a linguagem de Apolo, Apolo a linguagem de Dionísio; com o que se conseguiu o fim mais elevado da tragédia e da arte em geral.

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pág. 146 (Capítulo 24)

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Capa do livro A Origem da Tragédia
Páginas: 164
Página atual: 146

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 6
Capítulo 3 18
Capítulo 4 19
Capítulo 5 25
Capítulo 6 30
Capítulo 7 34
Capítulo 8 39
Capítulo 9 46
Capítulo 10 51
Capítulo 11 57
Capítulo 12 65
Capítulo 13 72
Capítulo 14 76
Capítulo 15 83
Capítulo 16 90
Capítulo 17 94
Capítulo 18 100
Capítulo 19 106
Capítulo 20 113
Capítulo 21 120
Capítulo 22 125
Capítulo 23 135
Capítulo 24 139
Capítulo 25 147
Capítulo 26 153
Capítulo 27 158
Capítulo 28 163