Capítulo 25: Capítulo 25
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Evidentemente, nada sabem relatar os nossos estetas deste retorno à pátria primitiva, da aliança fraternal de ambas as divindades artísticas na tragédia, e da excitação tanto apolínica quanto dionisíaca do ouvinte, mas eles não se cansam de caracterizar a luta do herói com o destino, a vitória da ordem moral no mundo ou a descarga de afeições, produzida pela tragédia, como o trágico em si: incansabilidade que me faz julgar nem serem eles pessoas excitáveis esteticamente, devendo ser considerados, ao ouvir a tragédia, somente como seres morais. Nunca, desde Aristóteles, se deu uma explicação para o efeito trágico, da qual pudessem ser deduzidos os estados artísticos, as atividades estéticas dos ouvintes. Ou temor e compaixão devem ser impelidos, em virtude de sérios acontecimentos, a uma descarga facilitadora, ou devemos sentir-nos enlevados e entusiasmados com a vitória de princípios bons e nobres, com o sacrifício do herói no sentido, de um conceito moral do Universo; e tão certo como acredito ser para muitas pessoas isto, e somente isto, o efeito da tragédia, tão certamente deduz-se disto que todos estes, inclusive seus interpretadores estéticos, nada souberam da tragédia como arte suprema. Aquela descarga patológica, a Katharsis de Aristóteles, sobre a qual os filólogos não sabem se a devem enquadrar nos fenômenos patológicos ou nos fenômenos morais, lembra um notável pressentimento de Goethe. “Sem um interesse vivamente patológico,” diz ele, “também eu nunca consegui tratar de uma situação trágica, preferindo, portanto, evitá-la a procurá-la. Seria também uma das vantagens dos antigos, que para eles o patético mais elevado nada mais representaria do que um jogo estético, enquanto que para nós é necessário cooperar a verdade natural, para a produção de tal obra?”
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