Aproximámo-nos deste estado, desde o renascimento da antiguidade alexandrino-romana do século XV, depois de um entreato difícil de descrever, de forma assombrosa. Nas alturas a mesma imensa vontade de saber, a mesma alegria insaciável de achar, a mesmo enorme secularização, a seu lado um vagueio sem pátria, um ávido acercar-se a mesas estranhas, um leviano endeusar da atualidade ou um alienar entorpecido. Tudo sub specie saeculi do “tempo atual”; sintomas que nos fazem crer em igual falta no coração da cultura, em destruição do mito. Não parece ser possível transplantar, com sucesso contínuo, o mito estranho, sem ferir incuravelmente a árvore com esta transplantação, que é alguma vez, quiçá, bastante forte e sã para expulsar aquele elemento estranho em luta terrível mas que, geralmente, definha e perece ou se consome em viço doentio. Confiamos tanto no núcleo puro e vigoroso do ser alemão, que dele ousamos esperar a expulsão daqueles elementos estranhos, implantados pela violência, e cremos existir a possibilidade do espírito alemão voltar às suas próprias fontes. Há, talvez, quem julgue dever começar aquele espírito com a expulsão do românico; para o que poderia reconhecer uma preparação e um alento externo na coragem vitoriosa e glória sangrenta da última guerra , mas deve buscar a necessidade interna na anulação, de sempre ser digno dos excelsos precursores deste trajeto, de Lutero assim como de nossos grandes artistas e poetas. Mas que nunca acredite em poder sustentar embates semelhantes sem seus penates, sem sua pátria mítica, sem um “revolver” de todas as cousas alemãs! E quando o alemão procurar encontrar um guia que com ele retorne à pátria há muito perdida, e cujos caminhos e pontes, nem mais conhece — então ele deve atentar no chamado do pássaro dionisíaco, que se embala acima de sua cabeça, e que deseja mostrar-lhe o caminho certo.