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Capítulo 2: Capítulo 2

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3.

Repito: hoje se me apresenta este livro como impossível; chamo-lhe pesado, mal escrito, importuno, fantástico, sentimental, aqui e acolá adocicado até o feminino, desigual no tempo, sem desejo para o “asseio” lógico, muito convencido e, em virtude disso, ensoberbecendo-se das demonstrações, desconfiado contra a decência da demonstração mesmo, como livro para iniciados, como “música” para tais que, batizados para a música, estão unidos para comuns e raras experiências artísticas desde o começo das coisas, como sinal de reconhecimento para parentes sanguíneos in artibus, um livro orgulhoso e entusiasta que se declarou, desde o princípio, mais contra o profanum vulgus dos “letrados” do que contra o “povo”, mas que, como seu efeito demonstrou e demonstra, deve saber atrair seus partidários para novos caminhos ocultos e novos sítios de baile. Aqui falava em todo caso — confessava-se isto tanto com curiosidade quando com desdém — uma voz estranha, o discípulo de um “deus ainda desconhecido” que, por enquanto, se ocultou sob o capuz do erudito, sob o pesadume e a melancolia dialética do alemão, mesmo sob os maus modos do Wagneriano; encontrava-se aqui um espírito com necessidades estranhas, ainda anônimas, uma memória repleta de perguntas, experiências, obscuridades aos quais, mas como ponto de interrogação, se juntou o nome de Dionísio; aqui falava — dizia-se com desconfiança — algo parecido com uma alma mística, quase frenética, que tartamudeia com dificuldade e caprichosamente, incerta quase se deseja comunicar-se ou ocultar-se, em uma língua estranha. Ela deveria ter cantado e não falado, esta nova alma. Lastimável que não me atrevesse a dizer, como poeta, aquilo que naquele tempo disse como prosador. Talvez o conseguisse! Ou, pelo menos, como filólogo: — pois ainda hoje falta aos filólogos descobrir e desbravar quase tudo, neste terreno! Principalmente que há um problema e que os gregos, enquanto não encontrarmos uma resposta para a pergunta “o que é o dionisíaco?”, se nos apresentam, como dantes, desconhecidos e irrepresentáveis!

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Capa do livro A Origem da Tragédia
Páginas: 164
Página atual: 9

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 6
Capítulo 3 18
Capítulo 4 19
Capítulo 5 25
Capítulo 6 30
Capítulo 7 34
Capítulo 8 39
Capítulo 9 46
Capítulo 10 51
Capítulo 11 57
Capítulo 12 65
Capítulo 13 72
Capítulo 14 76
Capítulo 15 83
Capítulo 16 90
Capítulo 17 94
Capítulo 18 100
Capítulo 19 106
Capítulo 20 113
Capítulo 21 120
Capítulo 22 125
Capítulo 23 135
Capítulo 24 139
Capítulo 25 147
Capítulo 26 153
Capítulo 27 158
Capítulo 28 163