Capítulo 16: Capítulo 16
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Qual o semi-deus ao qual deve exclamar o coro dos espíritos mais nobres da humanidade: “Ai! Ai! Tu o destruíste, o belo mundo, com golpe potente, ele cai, ele se desmorona!” Uma chave para a compreensão da essência do ser socrático nos oferece aquela aparição maravilhosa, em que sua inteligência ingente começava a vacilar, ele conseguia um firme ponto de apoio por uma voz divina, que em tais momentos se lhe fazia ouvir. Esta voz desaconselha toda vez que aparece. A sabedoria instintiva se revela, nesta natureza totalmente anormal, somente para, impedindo aqui e acolá, se opor ao conhecimento consciente. Enquanto que o instinto em todos os homens produtivos é a força criadora e afirmativa, manifestando-se o conhecimento, crítica e desaconselhadoramente, torna-se ele um crítico, em Sócrates; o conhecimento um criador — uma verdadeira monstruosidade per defectum! E aqui verificamos um defectus monstruoso de toda disposição mística, pelo que poderíamos designar Sócrates como o não-místico específico no qual a natureza lógica, em virtude de uma superfetação; está tão excessivamente desenvolvida, como no místico aquela sabedoria instintiva. Por outro lado era negado totalmente àquele impulso de Sócrates, de voltar-se contra si mesmo; em tal corrente desencadeada ele dá a perceber uma força natural, como só a encontramos nas maiores forças instintivas, para nosso espanto atroz. Quem sentiu pelo menos o sopro daquela divina ingenuidade e firmeza da direção de vida socrática através dos escritos platônicos, este sente também como a enorme roda impulsora do socratismo lógico está, por assim dizer, atrás de Sócrates e como isto deve ser contemplado através de Sócrates, como através de uma sombra.
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Páginas: 164
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