O Triunfo dos Porcos - Cap. 9: CAPÍTULO IX Pág. 77 / 94

Em abril, a Granja dos Bichos foi proclamada República e houve necessidade de eleger um Presidente. Apareceu um só candidato, Napoleão, que foi eleito por unanimidade. No mesmo dia notificou-se a descoberta de novos documentos, que revelavam mais detalhes sobre a cumplicidade de Bola-de-Neve com Jones. Soube-se que Bola-de-Neve não apenas tentara perder a Batalha do Estábulo, por meio de um estratagema, conforme os animais já tinham tomado conhecimento, mas lutara abertamente ao lado de Jones. Na realidade, fora ele o verdadeiro líder das forças humanas e jogara-se à batalha com as palavras "Viva a Humanidade!" nos lábios. Os ferimentos em suas costas, que alguns poucos bichos lembravam-se de ter visto, haviam sido causados pelos dentes de Napoleão.

Em meio ao verão, Moisés, o corvo, reapareceu inesperadamente na granja, após uma ausência de vários anos. Continuava o mesmo, não trabalhava e contava as histórias de sempre a respeito da Montanha de Açúcar. Encarapitava-se num toco de árvore e arengava durante horas para quem quisesse ouvir:

- Lá em cima, camaradas - dizia ele, solenemente, apontando o céu com a bicanca - lá em cima, pouco além daquela nuvem preta, ali está ela, a Montanha de Açúcar, o lugar feliz onde nós, pobres animais, descansaremos para sempre desta nossa vida de trabalho. Chegava a afirmar haver estado lá, num dos vôos mais altos, e ter visto os infindos campos de trevo e os bolos de linhaça e o açúcar crescendo nas sebes. Muitos bichos acreditavam. Suas vidas atualmente eram de fome e de trabalho, raciocinavam; era justo que lhes estivesse reservado um mundo melhor, mais além? Coisa difícil de determinar era a atitude dos porcos, com relação a Moisés. Eles afirmavam peremptoriamente que as histórias sobre a Montanha de Açúcar não passavam de pura mentira; no entanto, deixavam-no permanecer na granja, sem trabalhar, e ainda por cima com direito a um copo de cerveja por dia.





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