E assim Ulisses, disfarçado em mendigo, ia sendo atacado e mordido por cães que defendiam, afinal, uma parte das herdades que lhe pertenciam desde menino!
Eumeu trouxe-o para a sua vivenda, e logo, espalhando no chão grande quantidade de folhas secas e pondo sobre elas macia pele de cabra montês ofereceu-lhe aquela espécie de leito para repouso. Ulisses sentou-se, contente, e depois de trocar com Eumeu as saudações habituais entre pessoas desconhecidas e de agradecer o carinhoso acolhimento que tivera, aceitou a refeição que o porqueiro lhe oferecia: - carne, pão e vinho com mel. Comeu e bebeu, sem nunca se dar a conhecer. E Eumeu, enquanto o via comer e procurava servi-lo o melhor possível, contava-lhe o acontecimento mais importante e mais perturbador da vida das gentes de Ítaca, nos, últimos tempos: - a invasão do palácio de Penélope pelos pretendentes à mão da rainha, e os gastos e depredações que os príncipes faziam.
E murmurava:
- «Come, hóspede amigo, esta refeição frugal que é a mesma que os pastores comem, pois os cevados mais gordos e mais saborosos, reservados estão para os pretendentes, esses homens sem vergonha nem respeito por ninguém.