todo na sua forma vaga; não é ele uma espécie de vapor intelectual?
- Desejo - disse a dona da casa, tomando-lhe o braço - apresentá-lo a uma senhora que tem o maior empenho em conhecê-lo pelo que tem ouvido a seu respeito.
E conduziu-o a um salão contíguo, onde lhe designou, com um gesto, um sorriso e um olhar verdadeiramente parisienses, uma senhora sentada perto da lareira.
- Quem é? - perguntou vivamente o conde de Vandenesse.
- Uma mulher a quem, com certeza, já se referiu por mais de uma vez para elogiar ou para dizer mal, uma mulher que vive na solidão, um verdadeiro mistério.
- Se já foi clemente alguma vez na sua vida, por piedade, diga-me seu nome!
- A marquesa d’Aiglemont.
- Vou tomar lições com ela; soube fazer de um marido bem medíocre um par de França, de um homem nulo uma capacidade política. Mas, diga-me, acredita que lorde Grenville tenha morrido por sua causa, como julgaram algumas senhoras?
- Talvez. Depois dessa aventura, falsa ou verdadeira, a pobre senhora está bem mudada. Não tornou a freqüentar a sociedade. E é alguma coisa, em Paris, uma constância de quatro anos. Se a vê aqui... - A senhora Firmiani calou-se; depois acrescentou com astúcia: - Esquecia-me de que devo calar-me. Vá conversar com ela.
Carlos permaneceu durante um momento imóvel, encostado à ombreira da porta, e muito ocupado a examinar uma mulher que se tornara célebre, sem que pessoa alguma pudesse apresentar motivos sobre os quais se baseava sua fama. A sociedade oferece muitas dessas curiosas anomalias. A reputação da marquesa d’Aiglemont não era certamente mais extraordinária que a de certos homens, trabalhando sempre numa obra desconhecida: estatísticos considerados hábeis à fé de cálculos que nunca publicaram; políticos