Capítulo 1: O PAI GORIOT
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Quer casar? Será como pôr uma pedra ao pescoço; e, depois, se casa por dinheiro, que será dos nossos sentimentos de honra, da nossa nobreza! Melhor começar hoje a sua revolta contra as convenções humanas. Não será nada de mais deitar-se como uma serpente frente a uma mulher, lamber os pés da mãe, fazer baixezas que repudiariam uma truta, arrb! Se ao menos encontrasse o amor. Mas seria infeliz como as pedras dos esgotos com uma mulher que teria desposado desta forma. Mais vale ainda guerrear com os homens do que lutar com a sua mulher. Eis a encruzilhada da vida, meu jovem, escolhei. Já escolheu: foi a casa da nossa prima de Beauséant e lá cheirou o luxo. Foi a casa da senhora de Restaud, filha do pai Goriot, e lá cheirou a parisiense. Nesse dia, voltou com uma palavra escrita na testa, e que eu bem li: Vingar! Vingar a todo o custo. Bravo! Disse para mim, eis um rapazola que me convém. Precisou de dinheiro. Onde ir buscá-lo? Sangrou as suas irmãs. Todos os irmãos intrujam mais ou menos as irmãs. Os seus 1500 francos arrancados, Deus sabe como! Num país onde se acha mais castanheiros do que moedas de 100 vinténs, vão voar como soldados na pilhagem. Depois, que fará? Irá trabalhar? O trabalho, entendido como o entende agora, dá, na velhice, um apartamento na casa da senhora Vauquer a rapazes com a força do Poiret. Uma fortuna rápida é o problema que se propõem resolver neste momento 50 000 jovens que se encontram todos na sua posição. Você é um deles. Julgai os esforços que terá de fazer e a dedicação no combate. Têm de se comer uns aos outros como aranhas num pote, visto não existirem 50 000 bons lugares. Sabe como se constrói o seu caminho por aqui? Pelo brilho do génio ou pela habilidade na corrupção. Tem de se entrar nessa massa de homens como uma bala de canhão, ou infiltrar-se como a peste.
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Páginas: 279
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