O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 140 / 279

à Rua Saint-Lazare, a uma dessas casas simples, de colunas estreitas, pórticos acanhados, que constituem o belo em Paris, uma verdadeira casa de banqueiro, cheia de requintes caros, de estuques, de patamares, de escadarias de mosaico em mármore. Encontrou a senhora de Nucingen num pequeno salão de pinturas italianas, cujo décor fazia lembrar o dos cafés. A baronesa estava triste. Os esforços que fez para esconder a tristeza interessaram imenso Eugène visto não serem fingidos. Pensava tornar uma mulher feliz apenas com a sua presença e encontrava-a entregue ao mais profundo desespero. Esta desilusão feriu o seu orgulho próprio.

- Tenho bem pouco direito à sua confiança, senhora - disse após a ter atormentado sobre a sua preocupação -, mas se a incomodasse, conto na sua boa-fé que mo diria francamente.

- Fique - disse ela -, ficaria só se partisse. Nucingen vai jantar na cidade e não quereria estar só, preciso de distracção. - Mas o que tem?

- Seria a última pessoa a quem o diria - gritou ela.

- Quero saber, devo então ter uma parte de responsabilidade nesse segredo?

- Talvez! Mas não - corrigiu ela -, são zangas de casais que devem ser sepultadas no fundo do coração. Não lho dizia antes de ontem? Não sou nada feliz. As cadeias de ouro são as mais pesadas.

- Quando uma mulher diz a um jovem rapaz que é infeliz, se esse jovem é espiritual, bem posto, se tem 1500 francos de ócio no bolso, deve pensar o que dizia Eugène, e torna-se vaidoso.

- Que pode desejar? - respondeu ele. - A senhora é bela, jovem, amada, rica.

- Não falemos de mim - disse, fazendo um movimento sinistro com a cabeça. - Jantaremos juntos, sozinhos, iremos ouvir a mais deliciosa música. Estou do seu agrado? - continuou, levantando-se e mostrando o vestido de caxemira branco com desenhos persas da mais rica elegância.





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