- Có-có-ró-có-có! - gritou o pintor.
- Os meus cumprimentos à senhora sua esposa - disse o empregado do Museu de História Natural.
- O senhor é casado? - perguntou Poiret.
- Uma esposa com compartimentos, que anda na água, garante boa tez, dentro dos preços de 25 a 40, desenhos aos quadrados do último grito, susceptível de se lavar, que cai lindamente, metade fio, metade algodão, metade lá, curando os males de dentes e outras doenças aprovadas pela Academia Real de Medicina! Excelente até para as crianças! Melhor ainda para as dores de cabeça, as plenitudes e outras doenças do esófago, dos olhos e das orelhas - gritou Vautrin com a volubilidade cómica e a pronúncia de um charlatão.
- Mas quanto dão por esta maravilha, digam-me senhores? Duas moedas!
Não. Nada. É um resto dos fornecimentos feitos no grande Mogol, e que todos os soberanos da Europa, incluindo o grrrrrão-duque de Bade, quiseram ver! Entrai mesmo a direito! E passai pelo pequeno escritório. Vá, lançai a música! Brooum, lá, lá, trinn! Lá, lá, boum, boum! Senhor do clarinete, estais a desafinar - retomou com urna voz rouca -, vou bater-lhe nos dedos.
- Meu Deus! Como este homem é agradável- disse a senhora Vauquer à senhora Couture. - Com ele estarei sempre bem disposta.
No meio dos risos e das brincadeiras, Eugène pode apanhar o olhar fugidio da menina Taillefer que se inclinava para a senhora Couture, a quem dizia umas palavras ao ouvido.
- Chegou o cabriolé - disse Sylvie.
- Onde vai ele jantar? - perguntou Bianchon.
- A casa da baronesa de Nucingen.
- A filha do senhor Gorior. - respondeu o estudante.
Ao ouvir este nome, os olhares viraram-se para o velhote, que contemplava Eugène com uma espécie de inveja.
Rastignac chegou