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Capítulo 1: O PAI GORIOT

Página 154

- Então, matámos o mandarim? - disse-lhe um dia Bianchon ao sair de mesa.

- Ainda não - respondeu ele num sopro.

O estudante em Medicina tomou esta resposta como uma brincadeira que não era. Eugène, que, pela primeira vez desde há muito, tinha jantado na pensão tinha-se revelado pensativo durante todo o jantar. Em vez de sair na sobremesa, ficou na sala de jantar sentado junto da menina de Taillefer, à qual deitou de tempos a tempos olhares expressivos. Alguns pensionistas ainda estavam à mesa e comiam nozes, outros passeavam continuando conversas iniciadas durante a refeição. Como quase todas as noites, todos iam onde bem entendiam, segundo o grau de interesse que tomava a conversa, ou segundo o maior ou menor peso que lhes causava a digestão. No inverno, era raro que a sala de jantar fosse inteiramente evacuada antes das 8 horas, momento em que as quatro mulheres ficavam sós e se vingavam do silêncio que o sexo dela lhes impunha no meio dessa reunião masculina. Tocado pela preocupação que habitava Eugène, Vautrin ficou na sala de jantar, apesar de ter inicialmente parecido apressado em sair, e colocou-se constantemente de forma a não ser visto pelo jovem, que pensou que ele tinha saído. Depois, em vez de acompanhar os últimos pensionistas que partiam, ficam sorrateiramente no salão. Tinha lido na alma do estudante e pressentia um sintoma decisivo. Rastignac encontrava-se na verdade numa situação perplexa que muitos jovens devem ter conhecido. Amante ou provocante, a senhora de Nucingen tinha feito passar Rastignac por todas as angústias de uma verdadeira paixão, desdobrando para ele os recursos da diplomacia feminina em uso em Paris. Após se ter comprometido aos olhos do público para guardar junto dela o primo da senhora de Beauséant, hesitava em dar-lhe realmente os direitos de que parecia gozar.

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Capa do livro O Pai Goriot
Páginas: 279
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Os capítulos deste livro:
O PAI GORIOT 1