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Capítulo 1: O PAI GORIOT

Página 19
A cigarreira dele, também de ouro, continha um medalhão cheio de cabelos que o tornava na aparência culpado de alguns felizes acontecimentos. Quando a hospedeira o acusou de ser um janota, deixou pairar sobre os lábios o sorriso feliz do burguês a quem elogiaram o ego. Os seus ermários (pronunciava esta palavra como a classe baixa) foram preenchidos pelas numerosas pratas do seu enxoval. Os olhos da viúva iluminaram-se quando ajudou com gosto a desembalar e arrumar as conchas, as colheres, os talheres, os galheteiros, as molheiras, vários pratos, serviços de prata dourada, enfim, peças mais ou menos bonitas, pesando um número considerável de marcos, e das quais não tinha querido desfazer-se. Estas prendas lembravam-lhe as solenidades da sua vida doméstica.

- Isto - disse à senhora Vauquer, segurando uma travessa e uma pequena malga cuja tampa representava dois tordos que se picavam - foi o primeiro presente que me deu a minha mulher, no dia do nosso aniversário. Pobre boa mulher! Tinha gasto nisto todas as suas economias de solteira. Quer saber, minha senhora? Preferia raspar terra com as minhas unhas do que separar-me disto. Deus seja louvado! Poderei tomar nesta malga o meu café todas as manhãs durante o resto da minha vida. Não devo ser lamentado, tenho dinheiro para muito tempo.

Enfim, a senhora Vauquer tinha espreitado algumas inscrições no Livro de Contas que, somadas por alto, podiam render a este excelente Goriot um rendimento da mais ou menos oito a dez mil francos. Desde desse dia, a senhora Vauquer, nascida de Conflans, que tinha então 48 anos certos e só reconhecia 39, teve umas ideias. Apesar dos olhos de Goriot estarem sem brilho, inchados, sempre a pingar, o que o obrigava a limpá-los frequentemente, achava-lhe um ar simpático e bem como deve ser.

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Capa do livro O Pai Goriot
Páginas: 279
Página atual: 19

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
O PAI GORIOT 1