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Capítulo 1: O PAI GORIOT

Página 2
O carro da civilização, idêntico ao do ídolo de Jaggernat, pouco atrasado por um coração menos fácil de roer que os outros e que emperra a sua roda, a parte muito depressa e continua a sua marcha gloriosa. Assim, fareis vós, vós que segurais este livro com uma mão limpa, vós que vos sentais num cadeirão confortável pensando:

Talvez isto me vá divertir. Após lerem os secretos infortúnios do pai Goriot, ireis jantar com apetite pondo a vossa falta de sensibilidade por conta do autor, rotulando-o de exagerado, acusando-o de poético. Ah! Tenham atenção: este drama não é nem uma ficção, nem um romance. All is true, é tão verdadeiro, que cada um de nós pode reconhecer os elementos citados na sua própria casa, no seu próprio coração, talvez.

A casa onde a pensão burguesa é explorada pertence à senhora Vauquer.

Fica situada na parte de baixo da Rua Neuve-Sainte-Geneviêve, no local onde o terreno faz um declive para a Rua de l'Arbalete por uma descida tão brusca e íngreme que só muito raramente os cavalos a sobem ou descem. Esta circunstância é favorável ao silêncio que reina nessas ruas apertadas entre a cúpula do Val-de-Grâce e a cúpula do Panteão, dois monumentos que mudam consoante as condições atmosféricas lançando tons amarelos, deitando tudo na penumbra com cores severas que as suas cúpulas projectam. Ali, as ruas estão secas, os riachos não têm água nem lama, a erva cresce ao longo dos muros. O homem mais despreocupado fica aqui triste como todos os transeuntes, o barulho de um carro torna-se um acontecimento, as casas são deslavadas, as muralhas cheiram a prisão. Um parisiense perdido só aí veria pensões burguesas ou instituições, miséria ou enfado, velhice que morre, juventude feliz obrigada a trabalhar. Nenhum bairro de Paris é tão horrível, nem, confessemo-lo, mais desconhecido.

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Capa do livro O Pai Goriot
Páginas: 279
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Os capítulos deste livro:
O PAI GORIOT 1