O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 228 / 279

que é que as vossas uniões estão vocacionadas para a desgraça?

- Para salvar a vida de Maxime, enfim, para salvar toda a minha felicidade - continuou a condessa, encorajada por todos estes testemunhos de uma ternura calorosa e palpitante -, levei a esse usurário que conhece, um homem nascido no Inferno, que nada pode emocionar, esse senhor Gobseck, os diamantes da família a que o senhor de Restaud está tão apegado, os dele, os meus, tudo, vendi-os. Vendidos! Está a perceber? Ele foi salvo! Mas eu, eu, estou morta. Restaud descobriu tudo.

- Por quem? Como? Que eu o mate! - gritou o pai Goriot.

- Ontem, mandou-me chamar ao quarto dele. Fui lá... «Anastasie», disse-me ele com uma voz... (oh! a voz dele bastou, adivinhei tudo), «onde estão os seus diamantes?»

«No meu quarto.»

«Não», disse-me ele, olhando para mim, «estão ali em cima da minha cómoda.» E mostrou-me o guarda-jóias que tinha tapado com o lenço. «Sabe de onde vêm?», disse-me ele.

«Caí a seus joelhos... chorei, pedi-lhe de que morte me queria ver morrer.

- Disseste isso! - gritou o pai Goriot. - Pelo nome sagrado de Deus, aquele que fizer mal a uma de vocês, enquanto eu for vivo, pode estar certo de que eu o queimarei em fogo lento! Sim, irei despedaçá-lo como...

O pai Goriot calou-se, as palavras morriam-lhe na garganta.

- Enfim, minha querida, pediu-me algo mais difícil de fazer do que morrer. Que o céu preserve toda a mulher de ouvir o que ouvi!

- Assassinarei esse homem - disse o pai Goriot, tranquilamente. Mas ele só tem uma vida e deve-me duas. Enfim, o quê? - Retomou, olhando para Anastasie.

- Pois bem - disse a condessa, continuando, após uma pausa olhou para mim. - Anastasie - disse-me - enterro tudo no mais profundo silêncio, ficaremos juntos, temos filhos.





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