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Capítulo 1: O PAI GORIOT

Página 23
Falava muitas vezes desta deplorável situação, queixando-se do seu excesso de confiança, apesar de ser muito desconfiada, mas era igual a muitas pessoas que desconfiando dos próximos se entregam a qualquer desconhecido. Facto moral, bizarro, mas verdadeiro, cuja raiz é fácil de encontrar no coração humano. Talvez algumas pessoas não tenham mais nada a ganhar com aquelas junto das quais vivem; após lhes terem mostrado o vazio da alma, sentem-se secretamente julgadas por elas com uma severidade merecida, mas, ressentindo uma irresistível necessidade de bajulação que lhes falta, ou devoradas pela vontade de parecer possuir qualidades que não têm, esperam despertar a estima ou o coração daqueles que lhes são estranhos, arriscando-se um dia a serem apanhados nesse jogo. Por fim, há indivíduos que nasceram mercenários, que não fazem nenhum bem aos amigos ou próximos, porque devem fazê-lo; enquanto fazendo serviços a desconhecidos, recolhem disso um pouco de amor próprio: mais o círculo das coisas queridas está perto deles, menos gostam dele; quanto mais ele se afasta, mais dados são. A senhora Vauquer tinha sem dúvida esses aspectos, essencialmente mesquinhos, falsos, detestáveis.

- Se tivesse estado aqui - dizia-lhe então Vautrin - essa desgraça não lhe teria acontecido! Teria muito bem desmascarado essa brincalhona. Conheço bem a fuça delas.

Como todos os espíritos pobres, a senhora Vauquer tinha por hábito não sair do círculo dos acontecimentos e não julgar as causas destes. Gostava de fazer notar aos outros, aquilo que eram os seus próprios defeitos. Quando esta perda aconteceu, considerou o honesto fabricante de aletria como o causador do seu infortúnio e começou desde então, dizia, a perder as ilusões que tinha acerca dele.

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Capa do livro O Pai Goriot
Páginas: 279
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Os capítulos deste livro:
O PAI GORIOT 1