O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 233 / 279

- Mas onde encontrar 12000 francos? Se eu me propusesse como substituto na armada?

- Ah! Meu pai! - disseram as duas filhas, rodeando-o. - Não, não.

- Deus irá recompensá-lo por esse pensamento, a nossa vida não seria suficiente! Não é, Nasie? - retomou Delphine.

- E, além disso, pobre pai, seria uma gota de água - observou a condessa.

- Mas não se pode então fazer nada do seu sangue? - gritou o velhote, desesperado. - Entrego-me àquele que te salvará, Nasie! Matarei um homem por ele. Farei como Vautrin, irei para a prisão! Eu... - parou como se tivesse sido fulminado. - Mais nada! - disse, arrancando os cabelos. - Se soubesse onde ir para roubar, mas já é difícil encontrar um roubo para se fazer hoje em dia. E seria preciso pessoas e tempo para assaltar o Banco. Vamos, devo morrer, só me resta morrer. Sim, já não sirvo para nada, já não sou pai! Não. Ela pede-me, precisa! E eu, miserável, não tenho nada, Ah! Fizeste rendimentos vitalícios, velho atroz, e tinhas filhas! Mas não as amas então? Morre, morre como o cão que és! Sim, estou abaixo do cão, um cão não faria isto! Oh! A minha cabeça está a ferver.

- Mas, papá - gritaram as duas mulheres que o rodeavam para o impedir de bater com a cabeça na parede -, seja razoável.

Soluçava. Eugène, 'assustado, pegou na letra de câmbio subscrita a Vautrin e cujo montante era muito maior, corrigiu o número e fez dela uma letra de câmbio regular de 12 000 francos à ordem de Goriot e entrou.

- Aqui está todo o dinheiro de que precisa, senhora - disse, apresentando o papel. - Dormia, a vossa conversa acordou-me, pude assim saber o que devia ao senhor Goriot. Aqui está um título que pode negociar, irei pagá-lo fielmente.

A condessa, imóvel, segurava no papel.

- Delphine





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