O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 236 / 279

Eugène ajudou Goriot a deitar-se. Depois, quando o velhote adormeceu segurando a mão de Delphine, a filha retirou-se.

- Esta noite nos Italiens - disse a Eugène -, e dir-me-á como ele está. Amanhã, farão a mudança, senhor. Vamos ver o seu quarto. Oh! Que horror! - disse ao entrar. - Mas ainda estava pior que meu pai. Eugène, fizeste uma bela acção. Amar-te-ia ainda mais se tal fosse possível, mas, meu filho, se quiserdes fazer fortuna, não deveis atirar de tal maneira 12000 francos pela janela. O conde de Trailles é um jogador, A minha irmã não quer ver isso. Teria ido buscar os 12000 francos lá onde sabe perder ou ganhar montanhas de ouro.

Um gemido fê-los voltar ao quarto de Goriot, que encontraram aparentemente adormecido, mas quando os dois amantes se aproximaram ouviram estas palavras:

- Elas não são felizes! - Estivesse ele a dormir ou não, o tom dessa frase tocou tão profundamente no coração da filha que ela se aproximou do leito sobre o qual jazia o pai e beijou-o na testa. Ele abriu os olhos dizendo: - É Delphine!

- Então! Como te sentes? - perguntou esta.

- Bem - disse ele. - Não estejas preocupada, vou levantar-me. Ide, ide, meus filhos, sejam, felizes.

Eugène acompanhou Delphine até sua casa, mas, inquieto com o estado no qual tinha deixado Goriot, recusou jantar com ela e voltou à Casa Vauquer. Encontrou o pai Goriot levantado e pronto para ir comer. Bianchon tinha-se sentado de forma a bem observar a figura do fabricante de aletria. Quando o viu pegar no pão e cheirá-lo para apreciar a farinha com a qual tinha sido feito, o estudante, tendo observado nesse movimento uma ausência total daquilo que se poderia chamar a consciência do acta, fez um gesto sinistro.

- Vem aqui para junto de mim, senhor internado de Cochin - disse Eugène.





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