Capítulo 1: O PAI GORIOT
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- Conheço-as. Essa boa Delphine, se morro, que tristeza lhe causarei! A Nasie também. Não quereria morrer, para não as fazer chorar. - Morrer, meu bom Eugène, é não voltara vê-las. Lá para onde vamos irei aborrecer-me bastante. Para um pai o inferno é estar sem filhos e já me habituei a isso desde que elas casaram. O meu paraíso está na Rua Jussienne. Ouça lá, se for para o paraíso, poderei voltar à terra em espírito para olhar por elas. Ouvi dizer essas coisas. E verdade? Pareço que estou a vê-las neste momento tal como eram na Rua Jussienne. Desciam de manhã. «Bom dia, papá», diziam. Sentava-as no colo, fazia-lhes mil carinhos, brincava com elas. Elas faziam-me festas de forma amorosa. Tomávamos o pequeno-almoço juntos todos os dias, jantávamos, enfim era pai, gozava tanto com a presença das minhas crianças. Quando estavam na Rua Jussienne, não reflectiam, não sabiam nada do mundo, amavam-me bastante. Meu Deus! Por que não ficaram elas sempre pequenas? (Oh! Como sofro, a cabeça está a dar cabo de mim.) Ah! Ah! Perdão, minhas filhas! Sofro horrivelmente, e tem de ser uma dor verdadeira, porque vocês tornaram-me bem imune ao mal. Meu Deus! Se pelo menos tivesse as mãos delas nas minhas, não me sentiria tão mal. Pensa que virão? O Christophe é tão estúpido! Deveria lá ter ido eu mesmo. Ele vai vê-las, ele. Mas você estava ontem no baile. Dizei-me então como estavam? Elas não sabiam nada da minha doença, não é verdade? Não teriam dançado, pobres pequenas! Oh! Não quero mais estar doente. Elas ainda precisam muito de mim. As fortunas delas estão comprometidas. E a que maridos estão elas entregues! Curai-me, curai-me! (Oh! Como sofro! Ai! Ai! Ai!) Veja bem, é preciso curar-me porque elas precisam de dinheiro e eu sei onde ir ganhá-lo.
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