O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 258 / 279

Irei cultivar amido aos molhos a Odessa. Sou esperto, ganharei milhões. (Oh! Sofro demasiado!)

Goriot ficou silencioso durante um momento, parecendo fazer todos os esforços para juntar as forças a fim de suportar a dor.

- Se elas estivessem aqui, não me queixaria - disse. - Porquê então queixar-me?

Um ligeiro suspiro aconteceu e durou muito tempo. Christophe voltou.

Rastignac, que pensava que o pai Goriot tinha adormecido, deixou o rapaz dar-lhe conta do recado em voz alta.

- Senhor - disse este -, fui primeiro a casa da senhora condessa, a quem me foi impossível falar, ela estava em grandes negócios com o marido. Como insistia, o senhor de Restaud veio em pessoa e disse-me da seguinte forma: «O senhor Goriot está a morrer, então, é o que de melhor tem a fazer. Preciso da senhora Restaud para terminar assuntos importantes, ela irá quando tudo estiver resolvido». Parecia zangado, esse senhor. Ia sair, quando a senhora entrou na sala de espera por uma porta que não via, e me disse: «Christophe, diz a meu pai que estou em conversação com o meu marido, não o posso deixar, trata-se da vida ou da morte dos meus filhos, mas logo que tudo acabar, irei. Quanto à senhora baronesa, outra história! Não a vi, e não pude falar-lhe. Ah! Disse-me a criada dela, a senhora voltou do baile às 5 horas e 15 minutos, dorme, se a acordar antes do meio-dia, irá ralhar comigo. Dir-lhe-ei que o pai está mal quando ela me chamar. Para uma má notícia, há sempre tempo de a anunciar,» Bem roguei! Ah sim! Pedi para falar com o senhor barão, ele tinha saído.

- Nenhuma das filhas virá! - gritou Rastignac. - Vou escrever a ambas.

- Nenhuma - respondeu o velhote, sentando-se. - Têm negócios, dormem, não virão. Eu sabia. É preciso morrer para saber o que são filhos! Ah! Meu amigo, não vos caseis, não tende crianças! Você dá-lhes a vida" eles dão-lhe a morte.





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